"Entre o sono e o sonho, entre mim e o que em mim, é o quem eu me suponho, corre um rio sem fim"... Contradições, momentos, emoções, risos e lágrimas... Loucura e fantasia... Sempre a razão e a realidade... Eu, quando me olho ao meu espelho... de estilhaços

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

vicky cristina barcelona

Três mulheres, três faces de cada uma de nós. Vicky, Cristina e Maria Helena parecem tão diferentes mas, na verdade, são uma só. São todas elas papéis que assumimos ao longo da vida, são escolhas que fazemos.

A tentativa de racionalidade de Vicky, a sua vontade (auto-imposta) de levar uma vida normal, de acordo com todas as regras e mais algumas. A ousadia de Cristina, a sua ânsia de se deixar levar, de viver a vida, de descobrir sempre mais e de nunca estar satisfeita. E Maria Helena, a encarnação da mulher-furacão, capaz das maiores loucuras, das maiores depressões, dos maiores ódios e, simultaneamente, dos maiores amores.


Gostei particularmente deste Woody Allen, porque nunca me revi em tantas personagens ao mesmo tempo.



segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Um pequeno aparte: procurei uma foto que ilustrasse a luz de que falei no post anterior. E, das várias que tirei de lisboa, nenhuma tem essa luz. acho que sempre que a vi, nunca me lembrei de a fotografar. é isso que acontece com as pequenas coisas que nos deslumbram.

domingo, fevereiro 15, 2009

lisboa

cidade-revelação, gosto de chamá-la assim. porque revela o que sou, o melhor e o pior de mim. mostra-me o que quero ver e o que não quero. é sincera. e, ao mesmo tempo, contraditória. como eu. e, por vezes, tenho a sensação que acompanha os meus pensamentos... por isso há dias que amanhecem nebulosos, negros e frios, com chuva irritante, ruas inundadas de carros e prédios mais velhos do que são. e há dias (a maioria, aliás) em que lisboa volta a ter luz. aquela luz que já tantos "alfacinhas" que viajam pelo mundo inteiro dizem ser a razão que os faz sempre voltar. a luz que eles dizem não encontrar em mais lado nenhum.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Às vezes esta cidade sufoca-me. A sua grandeza, a altura dos edifícios, os laivos alucinados que pressinto por detrás dos entreolhares no metro, o metro, o ar pesado e sufocante do metro, as luzes ferozes dos centros comerciais, os obscuros seguranças à entrada dos clubes nocturnos da Duque de Loulé, os homens de fato e gravata à espera nos carros.
Às vezes esta cidade sufoca-me. As paredes do quarto atrofiam, as portas que rangem, a varanda que dá para a casa da frente. As paredes que dão para os quartos do lado. A prisão. Do lado de lá do muro.
E as pessoas. Sufoca-me vê-los deitados num recanto qualquer, abandonados a um cobertor velho. E sufoca perceber que não vejo aqui ninguém capaz de dar boleia até casa a um casal de avós com três netos para carregar e um monte de malas, como em Coimbra. Ou alguém capaz de estender um cigarro àquele mendigo ao pé de casa. Talvez porque todos os outros já sufocaram. Nós não.

quarta-feira, julho 02, 2008

correcção

pensando bem, sinto-me estranha depois de escrever o texto anterior... sobretudo depois de um dia em que gostei verdadeiramente de fazer o trabalho que fiz, que me senti estimulada, por mais insigificante que possa ter sido o resultado final.

no final, concluo que não quero viver sem essa parte da realidade em mim, e na minha escrita. só quero recuperar aquilo que perdi ou, talvez, aquilo que nunca tive -saber contar histórias. acho que me consigo dividir em duas.

deixei de saber contar histórias quando me tornei jornalista. parece um paradoxo, mas não é. posso contar as histórias dos outros, passá-las para o papel, mas esbarro na pior das barreiras - a realidade. não há nenhuma boa história que se prenda só à realidade.
preciso desligar do mundo real, escrever o meu mundo, os pedaços de histórias que se embrulham na minha imaginação e que lá ficam presos, soterrados por um escrever já formatado. um escrever tão estupidamente ligado ao real que corre o risco de espelhar o menos verdadeiro dos mundos

quarta-feira, junho 25, 2008

Domina-me o cansaço acumulado dos dias, das horas, do pensamento. E sobretudo o cansaço que me dá tentar encontrar vontade para escrever aqui. Ela existe, mas está soterrada, boicotada por obstáculos invisíveis que se calhar só existem na minha cabeça.
As vezes, apetece-me devorar o teclado, deixar cair os dedos ao acaso nas teclas, desenhar o texto mais louco e mais verdadeiro que alguma vez serei capaz de escrever. Porque já não consigo escrever o que sinto e com isso estou a perder-me. É angustiante querer falar em palavras e não conseguir. E ainda por cima não perceber e
m que momento e porquê deixei para trás essa escrita que me aconchegava e me dava a certeza que, sim, um dia seria capaz...

(acabo estas linhas e quero continuá-las, estendê-las até ao infinito multiplicado pelo infinito, enquanto os dedos aguentarem... mas esbarro contra a parede e calo-me, na consciência de que, quando as palavras não atropelam o pensamento, o silêncio é a melhor opção)

terça-feira, março 25, 2008

lisboa vs coimbra

quem já tiver vivido em Coimbra e agora viva em Lisboa (ou vice-versa) vai perceber do que vou falar. é que não tem nada a ver. ok, lisboa é a capital mas, apesar de tudo, coimbra já uma cidade grandita (para o tamanho de portugal também não é preciso muito) e, mesmo assim, não tem nada a ver. podem perguntar-me em que é que não tem nada a ver e eu, sinceramente, não sei explicar. sei que não é a dimensão. também não é o facto de haver mais violência ou pelo menos insegurança. é o ambiente, as pessoas, os sorrisos, os olhares, os gestos e até a forma de andar. não é pior ou melhor, apenas diferente.
depois de reflectir sobre o assunto (sim, eu penso - com esforço, mas penso), acho que encontrei uma parte da resposta, que talvez seja muito óbvia mas sinceramente, como vivia em coimbra, nunca tinha pensado nisso. como se costuma dizer, coimbra é a universidade e... os hospitais da universidade. logo, que tipo de pessoas vivem em coimbra? estudantes (que não chateiam as pessoas, nem criam mau ambiente, a não ser casualmente no calor da noite), professores universitários e... médicos! ora, uma autêntica elite.
ok, agora quem ler isto provavelmente vai gozar comigo e dizer "dahh! só agora é que pensaste nisso!". pois só. aposto é que os alfacinhas nunca se lembraram desta.